2020, um ano histórico que celebra novos ares de liberdade
Por Caroline Franciele, estudante de Jornalismo no Unitoledo Araçatuba.

Há exatos 75 anos teve fim um dos momentos mais tristes para toda a humanidade: acabava o regime nazista, que dizimou milhares de pessoas. Dentre elas: membros da comunidade judaica, mulheres, ciganos, homossexuais, deficientes, testemunhas de Jeová e tantos outros grupos humanos que padeceram com o holocausto na Segunda Grande Guerra.
De acordo com informações do site Enciclopédia do Holocausto, foram aproximadamente 6 milhões de judeus mortos, 1.8 milhões de civis poloneses, 312.00 sérvios, 250.00 pessoas portadoras de alguma deficiência, 250.00 ciganos, 1.900 testemunhas de Jeová e não há estimativa correta para o número de homossexuais mortos neste período negro da história.
Em 07 de maio de 1945, Alfred Jodl, general do terceiro Reich assina a rendição da Alemanha. Teve fim o nazismo na Europa.

Campos de concentração como Auchwitz, Birkenau, Monovitz, Belzec, Chelmno e Sobibor são alguns dos locais onde o contingente dos considerados inimigos do Estado eram mandados para serviços forçados, tortura e morte na câmara de gás. Crianças eram alvo de experimentos científicos dos quais a ciência prefere não se lembrar. Foram tempos negros para toda a humanidade. Mas eis que depois de seis anos toda a neblina escura que pairava sobre o mundo vai ficando escassa até o momento em que se dissipa.
Novos ares pairam o mundo

Era uma cidade alemã. Mas ao contrário do sentimento que pairava naqueles pais depois de muitos anos de repressão, dessa vez era a paz e justiça que coloriam aqueles céus antes acinzentados. De 1945 a 1949, teve início na cidade de Nuremberg, um evento diferente dos antigos comícios e propagandas nazistas que ali ocorriam durante os anos do Reich.
Teve início naquela cidade Bavária o julgamento do século: ali, de acordo com leis estabelecidas pela Carta de Londres de agosto de 45, documento feito pelos Aliados; houve o julgamento dos adeptos, idealizadores e apoiadores do regime nazista, sendo condenados crimes contra a paz, a humanidade e os de guerra.
Na cidade que há poucos anos se comemorava o nazismo e a brutalidade, naquela data que ficaria marcada na história, se comemoraria a vida e o renascimento da humanidade.
De acordo com o website Café História, neste tribunal foram julgadas 24 lideranças alemãs que compuseram o nazismo, com uma estrutura jamais vista antes: milhares de mensagens enviadas e recebidas, secretárias, guardas, jornalistas aos montantes.

Antes mesmo da realização do julgamento, países europeus tomados pela Alemanha e que tinham sua funcionalidade no exterior realizaram diversasações políticas para convencer os aliados –França, Inglaterra, Estados Unidos e a extinta União Soviética – da necessidade de um tribunal para punir as atrocidades cometidas no período de guerra. Tchecoslováquia e Polônia estavam entre eles.
Adolf Hitler, líder alemão e um dos principais responsáveis pelas atrocidades cometidas, se suicidou alguns dias antes da rendição alemã, quando os soldados soviéticos se aproximavam.
Relatos de guerra

“De repente, um dia meus pais botaram duas malas na porta e saímos de casa. Não sei para onde, não tinha a mínima ideia. Embarcamos num trem e fiquei sabendo que íamos para Paris”.
André Daniel Reisler.
Em matéria publicada para a revista Galileu, em abril de 2018, André Daniel Reisler, juntamente com outros sobreviventes, vítimas de perseguição conta a sua história, norteada por preconceito, discriminação, mas que ao final, foi cercada pela liberdade.
Separado dos pais, tendo o tio denunciado à Gestapo – polícia secreta nazista – sofrendo segregação social, tendo a identidade totalmente mudada, André somente pôde rever seus pais e retomar a terra natal, França, alguns anos mais tarde.
Outro relato de guerra é o de George Legmann, nascido no campo de concentração de Dachau, em 1944. Segundo conta a Galileu, George foi uma das sete crianças nascidas nesse local, sob as mãos de um médico judeu, também prisioneiro no campo. Alguns anos depois, ele e sua mãe, Elisabeta Torok, saíam do local de extermínio.
Sam Pivik, polonês sobrevivente de Auchwitz, conta a revista Exame, em matéria veiculada em janeiro de 2015, que em 1º de setembro de 1939, data de seu aniversário de 13 anos, as tropas alemãs invadiram seu país, levando-o; juntamente com sua família à Auchwitz.
Com sua família morta, Sam passou seis meses preso no complexo até ser transferido para a descarga de trens e alguns anos depois alcançar sua almejada liberdade.